sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Ordenar o caos interno







Como é fácil falar de comunicação e arte de forma idealizada, despersonalizada...ou seja sem abarcar as enormes dificuldades que envolvem tanto o fazer da comunicação com o da arte. Sim, vivemos num meio social e estas duas esferas do do conhecimento são realizadas com qualquer outro trabalho: num espaço, com tempo marcado e com pessoas. Com pessoas...está e parte mais difícil de todas...A arte pode ser a relação do artista com o seu instrumento (quadro, papel, violino, filmadora) mas não adianta fugir do mundo das relações. A comunicação em si nasce das relações das pessoas e arte também tem como necessidade fundamental comunicar algo. A dificuldade de se relacionar com o outro está no sentimento. Muitos artistas colocaram esta questão do relacionamento humano em seus trabalho (me vem a mente os filmes de Bergman, que sempre mostram as barreiras e muros entre as pessoas). Os conflitos que nascem do relacionamento podem ser muitas vezes vistos nos cinemas, mas é difícil encontrar propostas de superação dos conflitos. Escrever é tentar suavizar conflitos, pintar talvez seja retirar de si os "monstros" adormecidos, compor: ordenar o caos interno. Ainda que hoje a arte já é entendida de novas maneiras não encontramos novas propostas de uma reorganização do ser a partir da arte.
Me lembro de Beethoven, que tinha enormes problemas de relacionamento, no auge de sua crise interior - devido a uma surdez irrecuperável - quis colocar fim a sua vida. O seu motivo de apego a vida foi justamente criar suas composições. Há muitas pessoas que acham que a arte tem a ver somente com o belo, com a beleza, com a harmonias das formas, das cores e dos sons (algo como a beleza da natureza). Desconhecem uma sinfonia de Mahler (LV).




terça-feira, 3 de novembro de 2009

Um novo aprender

Quando pensamos numa educação musical nos dias de hoje é claro que encontramos enormes problemas. Para quem teve uma educação musical de conservatório, escola de música ou universidade, ao pensar hoje como deveríamos ser educados encontramos enormes questões abertas. Primeiro, o que aprendemos na faculdade é pura teoria: contraponto, fuga, harmonia. Matérias teóricas que são fundamentais (como todas as teorias) mas que se perdem em questões filosóficas sem uma utilidade prática. Como gostaria de aplicar nos arranjos musicas de hoje a complexidade de harmonias do século XX que tive por tantos anos, ou mesmo ser capaz de escrever uma composição com a base teórica do contraponto. Mas o que aconteceu? Por que minha memória não me acude nestas horas, por que me parece que o que eu aprendi está desalojado de mim mesmo, não ficando incorporado em meu conhecimento atual?
Existem inúmeras respostas para estas questões. Talvez porque sempre gostamos de dar saltos, de pular a simplicidade, de abarcar grandes questões...e por aí vai. Ou seja o caminho para a educação tem que ser refeito, ou melhor reaprendido. Aprender tem que ser algo vivo, com frescor e brilho, algo que se retenha na memória e seja capaz de se conectar com outras coisas que aprendemos. Algo leve e simples, mas profundo ao mesmo tempo. Algo que não tenha a arrogância tão típica do conhecimento materialista acadêmico. Aprender com sentimento de alegria, com a certeza de que construímos passo a passo, com a segurança de ter aprendido as primeiras lições. Que esse novo aprender retire o medo de se expressar nossos pensamentos, que nos faça mais donos das nossas opiniões, mais seguros de sermos nós mesmos. Ou seja, que possamos comunicar o que temos que é só nosso. Vivemos esse momento de uma novo aprender: como uma brisa que vem do mar e traz uma nova esperança para os nossos corações. (LV)



segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Exemplo

De acordo com a postagem abaixo. Um exemplo da arte da escrita...e que escrita...

Julga-me a gente toda por perdido,
Vendo-me tão entregue a meu cuidado,
Andar sempre dos homens apartado
E dos tratos humanos esquecido.

Mas eu, que tenho o mundo conhecido,
E quase que sobre ele ando dobrado,
Tenho por baixo, rústico, enganado
Quem não é com meu mal engrandecido.

Vá revolvendo a terra, o mar e o vento,
Busque riquezas, honras a outra gente,
Vencendo ferro, fogo, frio e calma;

Que eu só em humilde estado me contento
De trazer esculpido eternamente
Vosso fermoso gesto dentro na alma.

Luís de Camões

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A arte da escrita


Confesso que não sou a pessoa adequada para falar da arte da escrita, escrever ainda não é algo simples para mim, porém a cada dia busco dedicar-me a escrita e aperfeiçoar meus conhecimentos.
Escrever é comunicar-se, usando as palavras corretas para expressar aquilo que sentimos. Quando escrevemos colocamos no papel nossas idéias e um pouco de nós. A escrita deve ser eficiente, deve passar a informação desejada de forma clara e objetiva.
A escrita é uma arte, é um ato de extrema criatividade. Escolher cada palavra e compô-las na melhor maneira é um trabalho árduo e que requer muita dedicação.
Para se escrever bem, há somente um caminho: PRATICAR! Escrever diariamente fará com que você aprenda como se expressar!!
Ler, aprender, pesquisar, praticar e praticar.... Entenda a arte da escrita!!
Escrever bem só depende de você! (BC)


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Identidade Artística


Quando estudamos as obras dos grandes artistas do nosso planeta, podemos fazer certos comentários que valem para muito delas. Um comentário simples: os nossos conhecidos grandes artistas sempre acabam criando algo "diferente". Explico: quando entramos um contato com uma obra canônica sentimos um traço peculiar, uma combinação ímpar de acordes, uma certa maneira de colorir que se distanciam de modelos acadêmicos, normas convencionas, etc. Há certa beleza nos traços das figuras humanas (e das coisas da natureza também) de Leonardo da Vinci que sobressai aos olhos e afasta este pintor dos modelos convencionais de pintura de sua época. Digo o mesmo para o perfil melódico das obras de Mozart, algo como sua identidade melódica (o mesmo das sinfonias de Sibelius, mas aí vale um post somente para ele!). Esta identidade artística - até certo ponto fácil de notar - se mostra difícil de descrever (aliás como é difícil escrever sobre arte, traduzir sensações artísticas!). Esta identidade é fruto da mente do artista, daquilo que ele conseguiu sintetizar de conhecimento, técnica e sentimento. Colocar tudo isso numa obra é retirar dele mesmo um pedaço desta identidade e, a partir disso, poderíamos afirmar o seguinte: quanto mais um artista avança no campo de sua atuação mais ele deixa uma obra particular. O traço de Leonardo é um milagre artístico porque é uma síntese de um ser com uma mente extremamente avançada no campo da Arte - é isso torna seu traçado extremamente específico, e consequentemente difícil de se copiar (os que tentaram obtiveram maus resultados).

É muito tempo de trabalho e dedicação em uma área. A singularidade vem da síntese. (LV)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Movimento das Águas



Mergulhado num estudo sobre Leonardo da Vinci. Após folhear um livro que apresenta suas pinturas e desenhos mais famosos, o autor do livro resume em algumas linhas a busca constante do trabalho e da própria vida de Leonardo: o movimento das águas. Após ler isso, fui direto pesquisar livros, desenhos e pinturas do mestre italiano e aí que um mundo novo se mostrou aos meus olhos mais acostumado aos sons do que as cores. É impressionante a obstinação de Leonardo pela água e isso pode revelar coisas interessantíssimas. Leonardo era totalmente fascinado pelos movimentos da natureza. Ele tinha um método baseado em duas coisas fundamentais e tão esquecidas nos dias de hoje: observação e comparação. Seu método era simples mas contava com umas das mentes mais ricas e repleta de incríveis idéias que já passaram por este planeta. Parece que sentimos o amor de Leonardo por cada parte e objeto da natureza e isso percebemos ao vermos suas pinturas... O movimento dos corpos, a delicadeza do esvoaçar dos cabelos, o correr das águas como paisagem e as rochas ao fundo dos quadros. Para a mente de Leonardo as rochas, as águas, os corpos, as pessoas estavam conectadas umas as outras por um fio invisível. O fio tecido por uma criação extremamente diversa, rica, plural, e...conectada.

A água em várias momentos neste planeta foi vista como o símbolo da vida. O elemento vital. Leonardo via além disso. Ele não só via o símbolo da vida mas o próprio movimento da vida espelhado nos movimentos da água. Ele queria estudar a transição entre os movimentos, a conexão entre contrastes, a ligação entre pontos distantes. Querer ver isso na natureza é uma tarefa de muita coragem, de um pensamento avançado e extremamente criativo. É querer entrar nos movimentos que estão por detrás da criação das coisas e dos seres. O artista Leonardo (pintor, desenhista, escultor, músico) ao tomar esta atitude como principal de sua vida deu um passo gigantesco rumo ao futuro. Leonardo tentou tecer os fios da arte com a ciência. Fios constantes, contínuos, tênues como uma correnteza que avança em meio a um riacho rico em pedras (LV).


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Por trás da batuta
Quando assistimos a uma apresentação de uma orquestra ou de um coro não temos idéia de todo o trabalho que é feito para sincronizar o grupo, para que todos estejam em harmonia.
Mas, quem é o responsável por guiar todos e adequá-los a uma mesma sintonia?
É o regente!!
O regente transmite a música aos participantes da orquestra ou do coro, comunica-se com cada um deles sem usar palavras, apenas através dos gestos, olhares, expressões.
A regência é um ato de grande importância. Além de ser um ato musical, faz parte da comunicação. Através dela o maestro guia os músicos, interpreta a composição e passa aos integrantes o que deve ser feito Ele cria um elo entre todos os participantes, liderando comunicação entre eles.
O maestro precisa provocar nos músicos o desejo de tocar, deve inspirá-los, motivá-los. E tudo isso se dará através da comunicação!!
Ele deve passar a cada integrante uma mensagem clara e objetiva, para que assim o grupo possa chegar aos objetivos musicais!!
E através da comunicação o grupo estará unido e integrado!! (BC)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A brincadeira da música

A arte da música é a arte do movimento necessariamente. Mas, vamos lá, movimentar de onde para onde? De onde partir e para onde chegar? Direcionar o pensamento musical para quais estradas? Outro dia vendo um documentário sobre o impressionate maestro Sergiu Celibidache ficou claro para mim que a arte da música e a arte de ligar pontos (!). Diria o mesmo para a arte da regência. Ligar movimentos num tempo e momento exatos. Moldar o som a partir de conexões estabelecias pelo regente. Quanto eu era criança havia uma brincadeira com lápis e papel que eu muito gostava. Vc desenhava pontos isolados no papel e depois ligava-os formando quadrinhos com uma "x" no meio. Quem conseguia desenhar o maior número de quadradinhos ganhava o jogo. Pois é falando agora de pontos e conexões, mal sabia eu que estava exercitando - o que para mim hoje- é um dos pilares da interpretação musical: ligar pontos no espaço. Bendita brincadeira de criança... (LV)

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Sejamos criativos!!!



A criatividade é fundamental para qualquer atividade que desenvolvemos. Seja em nosso trabalho ou nossos estudos, ela está presente no dia-a-dia de todos.
Para a arte, a criatividade é um ponto fundamental, pois sempre quando vamos fazer algo artístico precisamos ser criativos, ter idéias novas e diferentes. Temos que ser originais e inovadores.
Da mesma maneira, para nos comunicarmos precisamos ser criativos, originais. Para transmitir a nossa mensagem precisamos chamar a atenção do público, ter um destaque e é a criatividade que irá nos auxiliar!!
Aprender a utilizar a arte como ferramenta de trabalho é fundamental para qualquer pessoa. Ser criativo é viver, é ter novos estímulos, é expor o seu pontencial.
Após falar tudo isso... a pergunta que não quer calar é: Como ser uma pessoa criativa? O que fazer para melhorar a nossa criatividade?
Segundo Julia Cameron, autora do Guia Prático para a Criatividade, “ Caminhar é a ferramenta criativa mais poderosa que conheço”.
Pois é, pode parecer estranho, mais caminhar fará com que você desenvolva sua criatividade. Quando caminhamos todo o nosso corpo se organiza, a começar pela nossa respiração que se tona mais rítmica, nosso sangue circula melhor.
E nossas pensamentos também são modificados, trocamos velhos padrões mentais por padrões novos. Idéias novas surgem em nossas mentes, o que nos faz sermos mais criativos.
Por isso... depois de ler este post, ponha uma roupa confortável e vá caminhar... com certeza você terá idéias criativas!! ( BC)

Referências:
http://www.guiadasprofissoes.com.br/ver_criat.php?Cod_criat=1

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Fome X Bruckner




É claro que para comunicar - dizer algo - é preciso, antes, pensar no que se vai dizer. Dizendo em outras palavras, devemos nos preocupar com o conteúdo. Esta é uma questão interessante: o velho problema ente forma e conteúdo. Para se tentar resumir o problema de forma bem simples poderíamos apresentá-lo assim: sempre por trás de uma comunição há uma idéia - um pensamento proposto. Tal pensamento pode ser algo bastante simples e direto, uma questão prática, etc. "Mãe, estou com fome". Estou com fome porque sinto algo diferente no meu corpo - sinais que me pedem comida. A comunicação é estabelecida através de uma necessidade. Mas, como comunicar pensamentos mais elaborados, adaptando-os a diferentes meios? O que, por exemplo, Bruckner quis comunicar com suas sinfonias gigantes? Não temos texto, não temos histórias ou programas para acompanhar o pensamento rico e criativo do compositor. Temos sim uma sonoridade bastante particular, uma orquestração típica e uma linguagem sintonizada com músicos de sua época (especialmente Wagner). O louco de tudo isso é que ao ouvir Bruckner voce sente sensações muito específicas... Bom, mas agora estou com fome, não da música de Bruckner, mas sim de um bom almoço da mamma.



quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A comunicação e a arte
Talvez nem todos pararam para pensar mas esses assuntos são muito relacionados, um completa o outro.
Em todo e qualquer manifestação artística há comunicação. Seja em um quadro, no qual o autor expressa seus sentimentos através da pintura, seja na musica, que por meio de notas musicais podemos captar a mensagem do autor.
Arte é a comunicar-se seja através do som, da pintura, do teatro, da escultura. É utilizar o corpo como forma de expressão, é comunicar-se com o outro através da arte.
A comunicação é uma arte, é uma transmissão de sentimentos e pensamentos de forma artística. Sempre quando passamos uma mensagem, usamos da arte para fazer isso, para chamar atenção dos outros. A arte é usada na escolha do layout da mensagem, usando o equilíbrio artístico.
Usamos a arte para conseguir enxergar algo além do obvio, e assim nos comunicamos melhor. Aprendemos a perceber o que está subentendido.
Por isso, esses dois assuntos estão juntos e inter-relacionados. A arte e a comunicação estão presentes em nossas vidas, devemos sempre nos comunicar com a arte e saber fazer a arte nos comunicando! ( BC)

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Além da pauta





A questão do comunicação na música apresenta diversas facetas. Uma delas, das mais importantes, é a representação dos sinais da música grafadas em um papel: a partitura.
A partitura concretiza as idéias de um compositor e, ao mesmo tempo, possibilita que uma composição chegue a todos. A situação parece ser bastante simples - idéias musicais, elaboradas por um compositos, são codificadas através de uma linguagem e grafadas numa folha de papel.

No entanto, é aí que se apresentam questões interessantes.

Sinais gráficos musicais (figuras, ritmos, compasso, pausas) são elementos objetivos que podem ser facilmente aprendidos por qualquer pessoa e também facilmente identificados. Tocar uma música em determinada tonalidade, respeitar os valores das notas, seguir as intenções escritas pelo compositor também nos parece algo que possa ser um mínimo objetivo (claro que sempre estamos lidando com com algo subjetivo nisso tudo, pois sempre há alguém que interpreta a música).

O problema se dá com as questões que não transparecem na pauta musical (!). Sim, porque ao tocar uma música, se seguirmos apenas os elementos que estão escritos na pauta, a música soará correta, porém demasiado chata, sem cor, sem vida, ou seja: sem interpretação.
A interpretação coloca um problema intetessante entre a comunicação compositor-partitura e partitura-intérprete. Como grafar (comunicar) idéias que extrapolam a limitação de sinais gráicos? Como retirar da partitura os elementos interpretativos que extravasam a escrita musical?

O extremo oposto entre estas duas questões podem ser exemplificados por dois exemplos: uma composição musical do período barroco, em que encontramos o mínimos dos sinais musicais (notas, andamentos, durações) e uma obra de Mahler, em que o compositor obssessivamente tenta grafar tudo - dos sinais musicais convencionais até sentimentos, sugestões, etc.
E temos ainda a música popular (jazz por exemplo) cuja escrita não corresponde aos valores musicais desejados.
Problema delicado que merece estudo. Comunicar idéias, sentimentos, intenções sempre será uma tarefa árdua para qualquer artista ou meio de arte. Parece-nos que sempre haverá choque entre questões objetivos (elementos materias) e intenções subjetivas (criadores-intérpretes). Tarefa árdua que todo artista tem que enfrentar. (LV)





Henti Matisse: The Sorrow of the King

sexta-feira, 31 de julho de 2009